domingo, 20 de março de 2011

Belbellita

Por trás de uma fragilidade singela esculpida em um lévido bater de asas há uma borboleta persistente e forte. Não sendo diferente dos outros seres vivos, o darwinismo explica que as borboletas selecionadas pelo meio sao aquelas que dentro do seu casulo, formado por fibras resistentes, foram capazes de desenvolver seus músculos a partir do esforço para abandonar o lugar que lhe acolhia. Ela amadurece ao passo de que quando consegue se libertar é capaz de realizar um vôo que parece, aos nossos olhos, não lhe custar esforços num paradoxo de graça e força.
Poderíamos ser como as borboletas, sair de um só casulo por toda a vida, mas como seres pensantes que somos - pelo menos deveríamos ser - e por agirmos presumidamente mais pelo racional, temos consciencia de que precisamos estar sempre abandonando casulos. Digo no plural porque saimos de um, mas estamos ainda dentro de muitos outros. Cada casulo abandonado é uma conquista que precisamos por muitas vezes sozinhos, como as borboletas, alcançar. Certamente, exige muito esforço, persistencia, segurança em si, força de vontade, coragem, crença... e tudo mais relacionado a sopros de impulso na vida.
E por mais que existam pessoas do nosso lado querendo nos ajudar a alcançar nossos objetivos, elas podem até fazer alguma coisa por nós, mas jamais seríamos o às que podemos ser se nao ousarmos desafiar os nossos supostos limites.
Há casulos que só nós podemos romper ou não entenderemos o propósito de tanto tempo de preparação para só então alçarmos um belo vôo. É assim para amar e perdoar plenamente, por exemplo. Não adianta ninguém lhe pedir amor ou perdão, pois o seu coração é que sabe a hora certa de planar.
Podemos ser como elas, sair de um casulo e voar após tanto esforço para atingir uma meta, mas só se lutarmos por isso. E podemos realçar nossos contornos e cores específicas de um espectro individual que permite a cada um dar à vida o tom que lhe convém.